Wednesday, November 26, 2008

Relatinho da "Fuga de Camboriú"

E aí, Galera!

Depois de falar da alegria e do entrosamento que foi o Encontro de Cicloturismo, vou passar para a parte da AVENTURA propriamente dita, e do relativo trabalho que me deu para SAIR DE LÁ.


O encontro começou na quinta, mas eu cheguei lá na quarta, e já havia
uma certa chuva bem consistente, como todos já sabem. Fiquei no
alojamento organizado dentro do Ginásio de Esportes, onde chegaram a
ficar montadas 17 barracas de participantes do evento, além dos que
dormiram em sacos de dormir somente.

No dia seguinte, a pedalada começou com um pouco de sol, mas à tarde a
chuvarada tomou conta, inclusive nos fazendo passar bastante frio nos
momentos de espera para reunir a manada. O fim do pedal foi às quatro
da tarde mais ou menos, e estávamos bastante molhados. O resto do dia
foi de descanso, palestras e rango.

Na sexta, devido à chuva contínua desde a manhã cedo, optei por
desistir de pedalar, mesmo sabendo que o pedal saía com chuva e tudo.
Muita detonação da bike, de roupas, do corpinho, além do cansaço e da
preguiça. Me senti um bundão, mas quano saí da barraca percebi que
várias pessoas nem consideravam a hipótese de sair de lá por nada no
mundo, pelos mesmos motivos apresentados. Ainda vimos diversos
corajosos (uns trinta?) passando atrás do ginásio, enquanto abanávamos
da janela. Este dia foi de chuva do início ao fim, só variava a
intensidade, de imperceptível a pancadão. Nos fundos do ginásio, que
davam pra baixada ao lado do rio, havia já um gramado com uma grande
poça d'água, e nos perguntávamos se seria possível atravessá-la
pedalando sem atolar. Mais tarde, depois da janta, percebemos que a
poça havia crescido, e já passava por cima da estrada, onde havia
cavalinhos amarrados, os quais preferiram ficar mais longe. Essa
estrada ligava o ginásio ao Colégio, sede do evento, tendo o rio no meio.

No sábado, dia para o qual eu já havia comprado passagem, a
programação do evento envolvia palestras pela manhã, e um passeio de
fim de tarde que terminaria à noite em Balneário, portanto o plano era
ir no passeio já com todas as minhas tralhas, e ficar por Balneário
mesmo até a hora de pegar o ônibus.
Pois bem, enquanto assistíamos às palestras (ergonomia, velotour no
vale europeu, caminho de santiago), a chuva aumentava, aumentava,
aumentava, e a galera já estava de olho arregalado, olhando um pouco
pro palestrando, um pouco pra janela. Após o almoço, regado a muito
chuva (eu não estava na chuva, mas via a chuva caindo pelo vidro),
resolvi conferir do que se tratava o que o pessoal falava: que já não
passava carro entre Balneário e Camboriú, devido à inundação parcial
de algumas rótulas e acessos.

Pois peguei a bicicleta para ir até a ponte, que não estava coberta.
Entretando, logo após a ponte (sob a qual o rio passava já muito mais
alto que o nível que eu me acostumei a ver), a rótula estava de fato
ficando inundada, com mais ou menos uns 20 cm de água, nada demais, e
eu passei pedalando sossegado, com pé seco. Resolvi seguir a
Balneário, uns 4km além, e aí sim a coisa foi mais complicada, pois
tive de fazer um baita desvio, e só consegui passar seco porque passei
por dentro de uma empresa de cimento, cujo pátio possui um bueiro e
uma pontezinha. A rótula de acesso, que fica ao lado do viaduto da
101, não só estava com água pelo meio da coxa, como também havia muita
correnteza. O pessoal de um posto de gasolina comentou que, com a
subida da maré no fim da tarde, a água já estava invertendo o sentido,
e ao invés de ir para o mar estava voltando para a terra. Alguns
motoristas corajosos arriscavam-se a atravessar na base da ogrice,
fazendo água correr por cima do capô, e levantando ondas meio
perigosas para algum pedestre ou ciclista que estivesse perto.
Voltei bastante preocupado, e me chamou a atenção os comentários de
que o nível estava subindo. De fato, se na ida passei com pé seco, na
volta o ponto mais fundo dava na altura do cubo da roda, e embora
tenha passado pedalando, os pés ficaram ensopadões.

De volta ao hotel, fiquei na dúvida entre ir ou não ir. O cara do
guichê na rodoviária disse que eu tinha até as sete e meia para
remarcar a passagem, do contrário corria o risco de perder o valor
(que não é muito, mas eu também não tenho sobrando). Cheguei a ligar
pra Natalia, minha esposa, dando a notícia que só chegaria na segunda
de manhã, e digamos que, com razão, ela não curtiu muito... (afinal eu
já tava "de férias" desde terça de noite!). Resolvi ir mais uma vez
até a ponte, e agora até mesmo o lado de cá da estrada já estava
abaixo da água, ou seja, o nível estava REALMENTE AUMENTANDO RÁPIDO!

Com muitas incertezas, fiquei assistindo a palestra de Santiago de
Compostela, e não por isso, mas pela contrariedade pura, tive uma
"revelação iluminadora", levantei sem dar tchau para quase ninguém, e
direto ao Ginásio. Lá, sozinho, empacotei minhas coisas tão
rapidamente quanto pude, pois já passavam das cinco e meia e logo
começaria a escurecer. Enquanto colocava roupas mais curtas e
"molháveis", o telhado de zinco retumbava com a chuva torrencial, a
paisagem pela janela branca de chuva, a rua atrás do ginásio já um
meio metro mais alta do que da última vez que olhei. Tendo pegado
tudo, me mandei, e ao contrário do que tinha dito pro pessoal, não
voltei ao hotel para me despedir, preferindo garantir o maior número
de minutos possível, se possível com luz do dia.

Como era de se esperar, a rótula logo do outro lado da ponte de
Camboriú estava muito, mas muito mais alagada. O nível da água havia
subido, a extensão submersa da avenida agora tinha uns 300m de
comprimento (até a curva, onde a vista alcançava), e vários pontos
estavam com uma correnteza que inspirava muito cuidado. Tentei passar
pedalando, mas logo percebi que a bici perdia contato com o solo, e
como se não bastasse a corrente caiu, e dali em diante fui empurrando.
Mesmo indo devagar, e com cuidado, às vezes a leve correnteza, aliada
ao nível da água pouco abaixo dos joelhos, empurrava a bicicleta a
ponto de tirar a roda dianteira do chão, e nos pontos de correnteza
mais forte, eu dava passos bem curtinhos, parecia um pajé fazendo a
dança da (não)chuva... Às margens/calçadas, e principalmente nas
cabeceiras da avenida (deveria dizer na nascente e na foz?), filas de
veículos e de moradores observavam com dúvida e consideravam algum
plano de travessia.

Chegando ao outro lado, me recomendaram que pegasse a Av. Biguaçu, que
seria a menos problemática para travessia. Resolvi seguir o conselho,
e já virando a esquina se observava que mais adiante a avenida tinha
virado uma raia de esportes náuticos... Ao menos não havia correnteza,
a água estava mais ou menos parada. Na dúvida entre seguir ou não os
conselhos contraditórios sobre ir pela calçada ou ir pelo meio da rua
(por questões de cair no bueiro e coisa e tal), adotei a estratégia de
ir perguntando, na frente de cada casa, se o trecho era seguro, se
tinha necessidade de alguma precaução, etc.

E assim, fiz, fui avançando, e a profundidade foi aumentando (a
avenida era um levíssimo declive). Confesso que me senti um super
desbravador, afrontando a adversidade dos elementos com minha
determinação em seguir adiante e cumprir meu objetivo superando os
obstáculos impostos...
Foi quando, de repente, ao passar ao lado de uma casa, vi uma moça na
janela, naquela posição clássica que aparecem nos quadros e esculturas
do Brasil colonial... A parede da casa em que ela estava era de
madeira, e a parte inferior das tábuas desapareciam diretamente dentro
da água suja (naquele trecho, a água estava pela metade da minha coxa,
e eu levantava a traseira da bici para não submergir os alforjes).
Dando mais alguns passos, olhando pelo quintal dessa casa, não dava
pra ver os degrauzinhos de acesso, nem as rodas do carrro
estacionado... Olhando para frente novamente, pude ver um rapaz,
provavelmente morador da casa, entrando. Nos olhamos em silêncio,
rapidamente, apertando os lábios e levantando as sobrancelhas com
aquela expressão de quem pensa "Éééé..." De fato, a coisa não tava
fácil, mas não para mim, que chegaria, com um mísero atraso, à minha
casa seca e quente, depois de um feriadão cicloturístico...

Chegando à Rodoviária, confirmei com o rapaz da Penha, com o qual
havia falado durante o dia por telefone, que eu estava presente e o
embarque estava confirmado. Fui procurar um lugar para jantar, e
acabei indo parar em um posto de gasolina, onde o frentista
rapidamente veio me cumprimentar. A primeira coisa que ele disse é que
tinha vindo pedalando de Belo Horizonte até Balneário, onde morava
atualmente, e que adorava bicicletas. Pedi para ir ao banheiro, que
por sorte era espaçoso e limpo. Entrei com bici e tudo, tranquei a
porta, e me senti como se estivesse em um hotel, depois de toda aquela
molhaçada, lama, correnteza e tal. Fiquei uns 15 minutos tirando e
guardando roupa molhada, colocando roupa seca que etava no alforje,
lavando o tênis, que continuou molhado durante toda a viagem. Saindo
de lá e me sentindo mais ou menos renovado, fiquei aguardando a chuva
diminuir para ir jantar. Apareceu o frentista novamente, e conversa
vai, conversa vem, eu disse a ele que estava pensando em jantar no
Shopping (um Giraffas com feijão, arroz, costela, batata frita,
salada, farofa e refri, por 12 pila, recomendo muito!!!). Ele sugeriu
que eu cadeasse a bici no fundo da garagem de troca de óleo, e foi o
que fiz, bastando atravessar a rua para chegar ao Shopping, já
congestionado de veículos em sua entrada.

Por ser sábado, o Shopping estava cheio, mas mesmo estando vestido
como um mendigo (tênis cinza ensopado, calça de ciclismo da fox,
jaqueta de nylon cor de laranja, cabelo totalmente maloqueiro), não me
intimidei e achei todo aquele conforto genial. Ao perguntar para a
moça do balcão por um telefone, ela não soube me informar, mas
comentou que o acesso ao estacionamento no piso inferior estava
interditado, pois o mesmo estava cheio d'água... Pobres autinhos...

Saindo de lá, peguei a bici sã e salva, e fui pegar o ônibus.
Entretanto, àquela hora até mesmo as ruas que davam acesso à
rodoviária já estavam alagadas, de modo que novamente tive de enfiar o
pé na água, chegando à rodoviária com o zíper do tornozelo aberto em
ambas as pernas da calça, que quadro...
Desmontei a bici com toda a calma para não suar, guardei e embalei
tudo (uma dica, quando disserem que tem que entrar com a bike embalada
no ônibus, não significa vir em alta velocidade, com a bike "bem
embalada" para entrar no bus...). Sentei no chão da área de embarque
mesmo, onde fiquei esperando hora e meia, contemplando a chuvarada,
descansando, meditando, curtindo o ar livre, já que não estava frio.

O que se segue está dentro do que vimos no jornal, do qual relato
agora resumidamente:
1) O ônibus chegou no horário, mas a PRF mandou voltar pra Itajaí
depois de menos de 10km de estrada, porque o Morro do Boi estava
interditado;
2) Criou-se uma confusão no bus, porque nem a polícia, nem a empresa,
nem o motora e nem os passageiros estavam em consenso sobre qual a
melhor conduta: desistir, esperar, pegar desvio, mas no fim acabamos
voltando pra Itajaí, onde comemos, fomos ao banheiro, esticamos as
pernas e alguns (não eu) dormiram.
3) Três da manhã a empresa ligou pro motora, e seguimos viagem. Após
um certo trecho trancados no pé do Morro do Boi, chegou a nossa vez de
passar (eu meio sonolento vi pela janela fumê, respingada de chuva, um
veículo da PRF passar buzinando algo muito semelhante a um código
morse... que coisa meio irreal...). A subida do morro foi em meio a
cones de sinalização, muito barro, zigue-zague na pista, montes de
terra e pedras gigantes, árvores das quais só se enxergava as grossas
raízes.
4) Em Paulo Lopes havia outro desvio. Devido ao sono, nem vi Floripa
passar, e quando liguei o GPS estávamos em Águas Mornas, já fora da 101.
5) Pela manhã, acordei em Lages, com céu azul com nuves rápidas. Dali
em diante, a viagem seguiu pela 116, depois Farroupilha, Scharlau e
Porto Alegre.

Cheguei em casa com umas 9 horas de atraso, o que foi até pouco
considerando a dimensão da tragédia em SC. Por um lado, foi bom ter
arriscado sair de lá no sábado mesmo com enchente, pois dali em diante
a coisa só degringolou...

Uma saudação a todos que foram ao encontro, com mais calma podemos
comentar especificamente sobre ele.

Abraço a todos

Helton Moraes

VII Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura - Camboriú-SC, de 20 a 23 de novembro de 2008 - Relato

E aí, Galera!

Fiquei um tempo sumido, mas a participação no Encontro de Cicloturismo em Camboriú reavivou não só meu espírito cicloturístico e ciclo-narrativo, como forneceu também uma ampla série de aventuras e experiências para relatar. Então, lá vai (tudo num post só, para reduzir a necessidade de clicar em muitos links).


Dia 00 - quarta-feira

Acordei após uma noite nem tão bem nem tão mal dormida no ônibus da Brasil Sul, linha Porto Alegre Floripa. Olhei pela janela e percebi que estava na via expressa que liga o continente à ilha, ainda no continente. A bike vinha "bem embalada" no bagageiro, junto com barraca e alforjes. Chovia um bocado, e eu já estava pensando "ai, que saco, que roupa eu vou botar? A amarela ou a vermelha com azul?". Tou brincando, mas quem já encarou a perspectiva de ter de sair pedalando JÁ com chuva sabe do que tou falando...
Desci na rodoviária, montei a bicicleta com a maior calma do mundo, afinal eram sete da manhã e o encontro com a Hila Rocha e o resto do pessoal era só às nove na cabeceira insular da ponte. Dali, fui tomar café naqueles balcões que tem dentro da rodoviária. Em seguida, ainda com toda a falta de pressa, liguei pra Hila confirmando a hora e o local e a razão, e como a chuva havia parado, em seguida saí pra rua.
Fiz uma grande volta para pegar a passarela, e fiquei lá aguardando, enquanto alguns motociclistas faziam moto-escola, e o chão fazia de conta que secava. Num determinado momento, fui pela ciclovia até a beira-mar norte, não vi ninguém, voltei... Fui de novo, e então veio uma moça pelo outro lado da rua, com capa de chuva, capacete, então eu pensei "oba, o pessoal começou a chegar". Fiz uns gestos para ela, e ela fez uns gestos para mim, mas como não havia semáforo ou faixa, ela esperou bastante para poder atravessar. Chegando do lado de cá da rua, já fui logo perguntando se ela ia se reunir com o pessoal da Hila, se ela ia seguir para o continente, o que ela ia fazer. Ela me disse que ia para o continente sim, pois o companheiro dela tinha furado o pneu, e portanto ia voltar para a base. Eu achei estranho esse papo de base, achei organização demais. De repente, vi que sob a capa de chuva, junto ao pescoço, saía a antena de um rádio. Mmmm... Olhei para a bicicleta, e então me senti um estúpido: nela estava escrito algo como "Guarda Municipal"... A mina estava trabalhando! Aaaaaaaaahhhhhh que idioootaaa!!!
Bom, passado o equívoco, pedi desculpas, dei tchau e voltei para a minha "base" junto à rampa da passarela. Logo em seguida, apareceu a Hila, e pouco depois o Carlos Neckel, já às nove e vinte. Nesse ínterim, eu já tinha mandado mensagem para o Leonardo Esch, que estava hospedado num hotelzinho em Tijucas, dando uma idéia de horário.
Depois das apresentações iniciais, nos mandamos pela avenida do estreito, onde parei para calibrar pneu e passar diesel no aro dianteiro, que por estar torto fica trancando perigosamente quando eu freio (fique claro, LEVEMENTE torto...). Assim fomos nós, pedalando sob o chuvisco eventual, percebendo qual era o ritmo um do outro. A 101 mostrou-se como sempre um ótimo lugar para pedalar, mas um péssimo lugar para conversar, devido ao ensurdecedor e constante barulho dos caminhões passando. Me divertiu particularmente observar as bicicletas malandrinhas dos meus colegas: a Hila com seu quadro Specialized feminino cheio de tubos curvos, adequados ao seu tamanho "pequeninho". Aliás, pro tamanho dela ela pedala móóóito... Deu trabalho acompanhar, até porque estava levinha levinha depois que arranjou carona pra bagagem dela, na véspera. O Carlos, assim como eu, parece ser apreciador dos componentes mais "fora do comum": Dahon Matrix dobrável (aro 26), bagageiro especial para cicloturismo, alforjes impermeáveis, cubo dianteiro com dínamo, guidão de cicloturismo, canote com suspensão... Coisa bonita de se ver.
Em determinado momento, a necessidade de comunicação com o Leonardo me levou a pedir para parar num boteco, e ali percebi que havia três mensagens, e o maluco já estava pra se mandar de Tijucas, onde pretendíamos almoçar. Liguei pro home, e combinamos de nos encontrar todos em Porto Belo, para almoçar. Como começou a chover mais forte, aproveitamos para comer um delicioso pastel de camarão, que no meu caso foi acompanhado de guaraná. Fomos muito bem atendidos, mas eu só lembro que era uma casinha à beira da 101 a mais de 10km de distância de tijucas ainda.
Com a nova meta e o novo horário, nos mandamos semi-rapidamente para alcançar o Leonardo antes que ele resolvesse fugir de novo. Em Tijucas, chegamos já com calor, devido a um certo mormaço, e com aquela sensação de "tá na hora do almoço, onde que ele tá?". Em mais alguns quilômetros, chegamos ao trevo de Porto Belo, não sem antes passarmos por aparentemente ótimas opções de almoço gostoso e barato. Ali, ligamos para o Leonardo, que disse estar na frente da igrejinha de Porto Belo. Aiai, lá vamos nós. O trecho de blocos de cimento meio que "matou" a energia final da galera, e fomos trepidando, tomando fechadas de carros, nos equilibrando no cantinho da estrada, até chegar à tal igreja, onde o Leo nos esperava com seus quatro alforjes, uma tralha enorme e indefinível sobre o bagageiro traseiro, e um reboque de duas rodas pendurado na bike. Quanto ao próprio, o que mais chama a atenção era o bronzeado estilo "camarão", confirmando a impressão de que os cicloturistas mais "guascas" não fazem muita questão de usar o filtro solar.
Após as apresentações, o Leo nos informou que o restaurante era "só mais um quilômetro" pra dentro. Lá fomos nós com aquela cara de "tomara que valha a pena". De fato valeu. Chegamos no restaurante com mesas na rua, enchemos nossos pratos no buffet livre, e ficamos lá enchendo a pança (como descobriu quem conviveu comigo durante o encontro, meu maior prazer além de pedalar, talvez até mais), e tomando muito Caldo Preto (dos Cães do Norte, também chamada Coca-Cola). Ali ficamos umas duas horas, e obviamente o papo girou em torno de pedais, viagens, trajetos, países (!), etc.
Seguimos dali, já muito mais descansados, energizados e acalmados, voltando pelo mesmo trecho até a entrada para Perequê e Meia-Praia. Numa avenida paralela ao mar, com pouco movimento mas muito paralelepípedo, visualizamos o mar, e pensamos que seria bom pedalar à beira de sua areia dura e lisa. Dito e feito, lá fomos nós, sob o terreno lisinho, com a paisagem bem menos urbana ao nosso lado. Ao menos até encontrarmos um ponto mais alto, onde a Hila e o Carlos preferiram pegar a rua de novo para não arriscar. Eu e o Leo passamos, e foi a última vez que vimos a Hila e o Carlos por mais de meia hora. Por muita sorte, lá onde a principal de Meia-Praia encontra a 101, vimos os dois, e felizmente nossa viagem não foi desconfigurada de forma vã e leviana.
Ali havia a possibilidade de irmos por terra (pelo morro do Boi ou do Encano, ainda bem que não fomos), mas a galera unanimemente preferiu ir pelo túnel. Fomos até lá e atravessamos sem maiores novidades, e demos umas tenteadas pelo lado de lá da 101 em Balneário até conseguirmos achar a Av. Santa Catarina, que é a avenida que vai até Camboriú. O Leonardo seguia os mapas de papel, e eu consultava o GPS, e assim ambos nos levaram ao Ginásio, que era muito maior ao vivo do que na foto aérea do Google Earth! Lá chegamos, entramos, e só vimos umas moças bonitas de shortinho jogando vôlei. Três de nós contiveram o impulso de convidá-las para participar do evento de cicloturismo, e uma rápida ligação para a Eliana (do Clube) esclareceu que nossos alojamentos eram no sub-solo. Lá fomos nós, já sem muita paciência para carregar a bike escada abaixo (descemos segurando no guidão, sem frear, inclusive o Leo com seu reboque que nem freio tem mesmo...), e adentramos o enorme recinto que nos coube como alojamento, cheio de janelas e lâmpadas, bem como cicloturistas já chegados. Me lembro assim rapidamente do Ricardo Curupas, do Valdo, de outro senhor de barba que não sei o nome, talvez o Adilson, um magrão de Alegrete, e uma figura muito diferente que viria a ser chamada de Hindu, ou Indiano, da qual se aguardam maiores informações (de onde veio, pra onde foi, quem era, essas coisas). Em algum momento deste dia ou do seguinte chegaram o Vilson e a Beth, e o Marcelo Varda, todos de Floripa, que acamparam ao lado da porta (minha barraca era a única daquela parede que não era de Floripa). Ao todo, até o final do evento, chegaram a estar montadas 17 barracas naquele salão.
Depois de montadas nossas barracas, passamos à fila do banho, e em seguida à melhor parte: o "entrosamento". Como não poderia deixar de ser, o assunto predominante eram bicicletas, peças, oficinas, trajetos, viagens, lugares, barracas, fogareiros, de onde tu vem, por onde tu já passou, fotos, etc. No geral, os viciados que fugiram de casa para poder chegar um dia antes eram cicloturistas bem rodados, e a troca de experiências foi rica. Exceto com o Hindu, que estava concentrado girando sua Powerball. Bom, cada um cada um.
Um rápido consenso nos levou a ir jantar em algum dos poucos restaurantes possíveis, mas dois deles estavam fechados, de modo que a opção pela Pizzaria foi fácil. Fácil e adequada, pois além de pizza tinha macarrão e lasanha, à vontade, por míseros 9,90 por pessoa. Não preciso dizer que comemos como uns jegues (ao menos eu comi, que que tem?), e não demoramos a ir nanar.


Dia 01 - quinta-feira

(como já passaram-se alguns dias desde os fatos até os relatos, perdoem-me alguma inconsistência)
Acordamos mais ou menos cedinho, e começamos a nos preparar para ir ao Colégio Agrícola de Camboriú (CAC), onde éramos esperados a partir das oito para confirmar inscrições e pedalar em seguida. Bota meia, bota bermuda, limpa óculos, aperta capacete, oito e pouco estávamos lá, em meio a uma cambada de ciclistas, muitos dos quais ainda não tínhamos visto, pois haviam chegado recém ou estavam em hotel. Tudo que é tipo de bicicleta, algumas diversas reclinadas, alguns encontrando velhos amigos, outros mais perdidos que cebola em salada de fruta, ao menos no início. Vencidos os trâmites com inscrição, fomos eu, o Léo, o Vilson e a Beth, no mercado da cooperativa, dentro mesmo do colégio, onde havia pães de queijo por 50 centavos (e não eram pequenos...), e outros comes e bebes. Por falta de iogurte, comprei um litro de leite, uma barra de chocolate (200g) e quatro pães de queijo. Não preciso dizer que penei para comer quase todo o chocolate e quase todo o litro de leite, e guardei os pães de queijo para consumo posterior. O dia já estava ficando ensolarado, e a perspectiva de ganhar um bronzeado de ciclista estava se confirmando. Na hora da saída, fomos papeando com um, papeando com outro, fazendo uma baita social. Encontrei-me com o César, reclineiro de Porto Alegre, que eu não sabia ser marido da Ana (Fukui), com quem troquei email muito tempo atrás e que eu sabia terem feito uma viagem pelo sudeste da Ásia. Também revi, para minha total surpresa, o Dorival Prado, em cuja casa já pude ficar num ano novo em São José dos Campos. É como eu digo: quem pedala sempre, acaba encontrando as mesmas caras sempre... Que bom!
Uma perspectiva que eu tinha para o passeio desse dia era pegar a subida do Morro do Encano (não era do Engano, não) SEM o peso dos alforjes, o que representava a possibilidade de um treino de "corrida em subida", já que sempre tem uns viciados que querem disparar. Para minha surpresa, a velocidade era controlada, mas com jeitinho consegui convencer a organização (a Eliana, hehe) a ir atrás do carro da Polícia. Acho que o brigadiano sentiu minha intenção, e subiu num ritmo suficiente para me deixar de língua de fora, e foi desse jeito que cheguei, juntamente com uma galera, ao topo da subida, onde ficamos um tempo para esperar a manada reunir. Ali, mais confraternização, fala com um, fala com outro, curtindo a paisagem, inclusive a humana (felizmente a proporção de mulheres no ciclismo de lazer tem aumentado continuamente, espera-se que essa proporção atinja 9:1 em breve!). Ao me mexer para falar com um conhecido, vi que meu pneu tava furado, mas felizmente pude trocar a câmara (ou câmera?) sem muita demora, atividade para a qual vários voluntários ofereceram ajuda. Nada como a cooperação!
Bom, depois do descanso, veio a tão sonhada DESCIDA!!! Como a descida também era com velocidade controlada, optei por esperar todo mundo descer, até ficar por último. Em seguida, descia soltando os freios e fazendo as curvinhas pela valeta, na certeza de não haverem carros subindo (ou ao menos não carros desavisados). Apesar de achar um tanto estranho esse comportamento, o fato de outras pessoas fazerem o mesmo, e de a organização (o FES, que estava de "vassourão" do passeio) não pegar no meu pé, deixou minha consciência mais tranqüila. Lá embaixo, depois de uma parada para esperar o carro da polícia pegar (acho que não pegou, porque a galera seguiu e não vi mais carro de polícia) seguimos pelas ruas de Itapema até a concha acústica, onde uns toldos faziam uma bela sombra, e onde recebemos uns sanduíches de frios que estavam uma delícia (isso já era meio-dia, mais ou menos). Papos batidos, lanches feitos, pegamos os cafões e nos mandamos, para outra subida que, diziam, era ainda mais casca do que a anterior.
E de fato, assim que chegamos no pé dessa subida, uma simples olhada para frente (ou melhor, para cima) era suficiente para desanimar qualquer um. Mas não foi por isso que desanimamos, e o próprio Rodrigo (Telles) tratou de mostrar a que veio e se mandou na frente, acompanhado pelos outros viciados, incluindo eu. Mas não deu pra agüentar até o fim, e resolvi parar no trecho mais inclinado da subida, pra botar os bofes pra fora um pouquinho e recuperar o ar. Nisso, uma galera já vinha subindo, e foram pedalando firmes lá para cima. Depois de retomar o trecho, na subida restante que não era pouca ainda vi um companheiro com a corrente na mão, pois ela havia se partido. Lá em cima, dei uma mão ajudando a remendá-la, retirando um elo.
Pois nesse momento, veio um vento litorâneo, que subindo o morrinho condensou toda a sua umidade em forma de gotas líquidas que caem sobre ciclistas, deixando-os úmidos, depois molhados, depois enxarcados, depois ensopados com batata... Pois o vento vinha, e a chuva apertava, e a galera começou a puxar tudo que era tipo de capas de chuva com capuz... Eu casualmente não tinha nada disso, de modo que tive de agüentar um certo frio, que passava durante os momentos de pedal, e voltava nas paradas. O trajeto seguiu num sobe e desce com cada vez mais chão molhado, levemente enlameado e escorregadio, além de pedregoso e um tanto esvaletado. Foi quando um pessoal que estava na frente acabou pegando um caminho errado, e todo mundo parou para esperar. E nessa parada, só o que não parou foi a chuva, forte, que nos empapava por completo. No que pareceu ser muito tempo depois, a galera desgarrada voltou, e seguimos o baile. Isso significou basicamente repetir a estratégia da descida anterior: esperar a galera ir na frente, e depois descer ziguezagueando (com o máximo de segurança possível) no meio da galera, até alcançar o pelotão da frente, esperando novamente e repetindo o ciclo.
Chegando lá embaixo, foi a vez da ambulância dar pau, mas acho que acabaram conseguindo fazer com que ela pegasse no tranco. Fomos pedalando pelo mesmo caminho em que tínhamos passado de manhã, e ao irmos chegando perto do Ginásio, formou-se uma comissão de espertinhos, encabeçada por mim e pela Hila, que se adiantaram e praticamente bateram corrida para chegar primeiro no chuveiro. Por sorte consegui (baita cavalheiro!!), e tomei um banho logo para desocupar a moita.
Não lembro exatamente como foi depois, mas o fato é que havia palestra sobre leis de trânsito, para a qual fomos devidamente higienizados e alimentados. Na palestra, informações úteis sobre artigos do código de trânsito, às vezes obscuros para nós reles mortais (leia-se não-advogados). Chama a atenção o fato de que a lei usa e abusa de formulações vagas, como "distância apropriada", "ou sempre que for conveniente", "exceto em situações em que não seja possível", tornando uma tarefa árdua resolver conflitos quando há acidentes e busca-se determinar de quem foi a culpa pela infração. De qualquer forma, é sempre muito melhor evitar o acidente, e sou cético quanto à possibilidade de ter sucesso nisso APENAS seguindo a lei de trânsito, mas enfim...
Depois da palestra, fomos uma turminha em busca de emoções alimentares e alcoólicas, o que foi conseguido unindo as forças comerciais de um boteco (cervejinhas) e de um trailer de cachorro quente. Ali ficamos conversando eu, o Varda, o Léo, a Pink, bem como a Meliane e sua mãe. Fomos nanar mais ou menos tarde, mas enfim, viagens são para isso, e descansa-se em casa.


Dia 02 - sexta-feira

Narrar este dia vai ser fácil: começou chovendo, ficou chovendo, e terminou chovendo.
Além disso, aconteceram outras coisas. Ainda de manhã muito cedo, minha semi-ressaca foi despertada pelas vozes animadas de vários e várias ciclistas que aparentemente já estavam com o cérebro em plena atividade. E ao fundo ouvia-se o trovejar da chuvarada no telhado de zinco. E eu pensando "nããããooo, eu não quero pedalaaaar...". Já pensava que seria tachado de bundão, mas quando levantei percebi que muitos não estavam prontos, nem sequer se aprontando, e muito menos pretendendo se aprontar para o pedal, o que muito me agradou, pois ao menos não seria abandonado sozinho. Provavelmente, assim como eu, muitos preferiram não expor seus corpos e as respectivas extensões de metal e rodas à voracidade líquida, particulada e oxidante da chuva e da lama. Ficamos ali, compactuando mutuamente a favor da idéia de NÃO pedalar sem culpa. O Vilson e a Beth nos mostraram seus TRÊS muito bem recheados álbuns de fotos tiradas NO ÚLTIMO ANO, com essas atividades chatas como cicloturismo, free-ride, surf, praia, paint-ball, trekking, e essas coisas. Que vidinha mais ou menos, hein... Um dia eu chego lá! Também vimos as fotos do Valdo, inclusive as fotos pelado na salina (é por isso que ele tá tão bem conservado...), assim como fotos em tudo que é canto das Américas. Coisa de dar inveja, no bom sentido.
Na hora do almoço, alguns de nós foram ao Primus, que serve um buffet livre altamente adequado para quem quer estufar a pança com coisas deliciosas sem gastar uma fortuna. De lá, fomos à palestra.
De manhã, demos tchauzinho para o grupo de corajosos que foram pedalar, pois passaram na rua dos fundos do ginásio, e não eram tão poucos. Mais tarde, soubemos que o passeio, na interpraias, teve de ser encurtado devido à intensidade das chuvas. A palestra era no colégio agrícola, onde cheguei com pé e calça molhados devido ao pancadão pluvial. Falou-se de GPS e suas vantagens, confirmando esse tipo de aparelho como algo praticamente feito sob medida para o cicloturismo. Eu particularmente sou fã, e recomendo a todos que costumam ir a lugares novos, pois é possível planejar e decidir tudinho no conforto do lar, evitando que decisões críticas tenham de ser tomadas "no calor do momento" (ou no frio do momento, ou na chuva, no cansaço, fraqueza, fome, medo, angústia, aflição, desespero, e outras sensasões amenas).
Naquela noite, todos foram à pizzaria, que ficou bem cheinha, assim como nossas panças. Depois do rango, uma belíssima palestra (pra mim a melhor de todas, não que as outras não fossem ótimas) sobre o caminho do Peabirú. Recomendo que vão ao site dos Caminhos do Sertão e baixem o Trabalho de Conclusão de Curso do magrão lá, que é jornalista e foi muito bem-sucedido em seu relato. Parabéns.
Em seguida, um rolezinho pra tomar a cervejinha discretamente, e em seguida soninho. Vale comentar que, antes de deitar, vimos que a rua atrás do Ginásio já estava parcialmente alagada.


Dia 03 - sábado

Bom, que eu me lembre neste dia a galera já não estava mais nem considerando pedalar, a menos que a chuva parasse em definitivo, saísse um baita sol e um ventão secasse tudo (coisa que, aliás, não aconteceu). Fomos à palestra de manhã, que foi no hotel, sobre Bike-Fit para Cicloturismo e Velotour, ambas muito interessantes. Como sou um entusiasta da ciência da bicicleta, tanto em termos de Mecânica quanto em Biomecânica, não pude deixar de participar, perguntar, inquirir, indagar, questionar, argumentar, sugerir, etc. Devem ter me achado um chato, mas se a gente trocar idéias, todo mundo sai ganhando e ninguém sai perdendo, e acho que pra isso é que serve o encontro, entre outras coisas.
Almoçamos novamente no Primus, com muita chuva rolando (o Hindu foi na LAN House do outro lado da rua, tendo passado algumas vezes com sua capa de chuva na frente do restaurante, sempre em baixa velocidade. Vale lembrar que ele foi aos passeios sempre com todas as suas bagagens aparentemente enxarcadas, levando a sacolinha de brindes do evento pendurada no guidão...). Durante o almoço, a distração foi a resolução de um probleminha de lógica que consiste no seguinte:
"Você tem doze bolinhas aparentemente iguais, mas somente uma tem peso levemente diferente das outras, podendo ser mais leve ou mais pesada. Dispondo apenas de uma balança de pratos, que aponta apenas se o peso é igual ou diferente, determine uma estratégia para descobrir de forma garantida qual é a bola diferente, com apenas TRÊS pesagens."
Quem tiver interesse, me contate em PVT. O Varda e a Beth também, visto que eles é que fizeram os melhores progressos que culminaram na solução. Vale também registrar a presença, neste almoço, do Hélder, do Rio de Janeiro. Ele compareceu ao evento com uma jóia conhecida por poucos: uma Surly Long-Haul-Trucker, modelo considerado excelente para cicloturismo com muita carga, por ser de aço cromoly reforçado, com garfo próprio, geometria específica e várias frescuras soldadas ao quadro, como suporte para três caramanholas, dois pares de furos rosqueados junto a cada eixo (para bagageiro e paralamas), porta-raios no tubo da gancheira esquerda (!!), e engate para trocadores no tubo inferior do quadro (como eram as speed antigas). Além do bagageiro Tubus, em si outra jóia.
À tarde, fomos assistir mais palestra: vídeos do "Tour de Franca", e do Caminho de Santiago logo em seguida. Haveria um coquetel de confraternização, com salgadinhos e refris, mas a chuvarada era tão, mas tão, mas tão cavalar, que até a galera que foi a todos os passeios na chuva (e portanto aparentemente não tem medo dela) já estava meio surpresa. Eu, com minha passagem comprada na rodoviária de Balneário, estava com vários daqueles sentimentos "amenos" que comentei alguns parágrafos atrás.
Foi nesse momento que eu percebi que, se não me mexesse logo, ia ficar a ver navios, e não ia ser no Porto de Itajaí. Mas aí já faz parte de outro relato, que está postado logo depois deste.

Até mais

Helton

Epílogo - O encerramento da jornada

E aí, Galera

Este post está reservado para o relato dos últimos três dias de uma viagem que começou em 05 de dezembro de 2006 e terminou em 04 de março de 2007, envolvendo 5.000km em 90 dias.

Como sabem, é mais fácil escrever longos relatos nas férias do que depois que elas acabam, e é por isso que esta história ainda não foi contada até o fim. Como não posso mais contar com os 90% de transpiração, necessários a outras atividades da vida, no momento, vou deixar uma margem para os 10% ou menos de INSPIRAÇÃO, que um dia há de vir para que eu escreva com a merecida riqueza de detalhes a respeito daqueles três dias.

Quem tiver interesse de saber o que aconteceu nesta viagem desde o início, pode começar aqui:
http://numadenomade.blogspot.com/2006/12/dia-00-porto-alegre-rs-00-km.html

E, como não tá morto quem peleia, pretendo muito em breve dar vida nova ao blog, com relatos de novas aventuras que venham a ocorrer (no caso de mudar a temática, criarei outro blog, com link cruzado neste aqui).

Um abraço a todos que me deram a honra de suas visitas

Helton