Sunday, January 14, 2007

Dia 41 - Itaúna, MG - 2.656km (+/-60)

E aí, galera!

No outro dia, quinta feira, como era esperado, fui acordado bem cedo para tomar café e nos mandarmos logo, já que a loja do Luciano tinha que ser aberta, então depois de um rápido desjejum à base de pão e café com leite, nos mandamos eu e o Júnior, de bicicleta. Eu achei que deveria ter sentido de forma mais nítida a diferença por estar andando sem a tralha na bike, mas acho que talvez tenha descansado menos do que deveria. Chegando à loja, que não fica longe da casa, ajudei o Juninho (modo como o Júnior é chamado) e o Virgílio (seu fiel escudeiro na oficina) a abrir a loja, varrer a calçada, colocar os suportes de bicicletas usadas na rua, tirar todos os cafões de dentro da loja para colocá-los no bicicletário formado pelos três suportes em frente à loja, e era isso. Fiquei lá conversando com os dois mecânicos, indo ao balcão para falar com o Luciano e com a Micaela, que é uma menina que trabalha lá como caixa e faz-tudo (quase tudo, não me entendam mal). Entraram alguns clientes, e entre eles fiz amizade com o Sérgio Eloy, um guri de dezesseis anos, de pele, olhos e cabelos inusitadamente claros, bastante camarada e muito falante, com um forte sotaque mineiro (aliás, caso não tenha comentado, quase todo mundo lá tem um FORRRTE sotaque mineiro. Coisas como "uai" e "sô" DE FATO existem, mas não ouvi ninguém falando "uai, sô", assim como pouca gente fala "barbaridade, tchê" no Rio Grande). Na hora do almoço, me recomendaram o Sandoval 24h, uma lanchonete/restaurante/espeluncão que, obviamente, funciona sem interrupção, e onde são servidos alimentos a preços e condições populares. Pedi um PF que veio meio pequeno: arroz, feijão (me deu um susto, por estar totalmente escondido embaixo do arroz. Parece que aqui gostam disso), um tiquinho de salada, um tiquinho de batata frita (tiquinho, em Minês, é pouquinho), e um saboroso bife. Acompanhava (sem custo) uma garrafa de um litro de água parcialmente congelada, dessas PETs de refrigerante que são indefinidamente recicladas para esse fim. Até que era gostoso, mas saí de lá com a sensação de que faltou volume. Voltei à loja e continuei mais um pouco naquela de ficar vagando por ali, olhando o ambiente, pensando em usar o computador... O que aliás, não foi possível, pois o Luciano é um cara esperto e passa bastante tempo na frente do PC fazendo pedidos de peças, respondendo emeios, utilizando internet banking. Continuei por ali, mas rapidamente as opções de distração sumiram.
Ao perceber que havia ficado sem ter o que fazer, fui catar uma LAN house (que é a mesma desde que cheguei a Itaúna, deixo até créditos na casa para usar depois, 1,50 por hora). Muitos emeios li, scraps respondi, previsões de tempo olhei (o que não foi muito otimista), MSNs furunguei, até post para o blog escrevi. Conversei com a Gilvana por ali, e ela combinou de passar lá na loja no fim da tarde, para fazer algo. O restante da tarde foi gasto na loja, vendo a tarde passar. Quando a Gil apareceu, fomos de bicicleta até uma quadra de grama sintética onde se joga futebol, já que na quinta-feira é o dia do futebol das mulheres. Nos acompanhou, também de bicicleta, a Elenice, mãe do Juninho e amicíssima da Gil, e lá fomos nós. Lá funciona também uma lanchonete, e sentamos em algumas cadeiras de plástico em volta de uma mesa, enquanto aos poucos chegavam mais e mais meninas, a maioria com o tipo físico unânime da região: olhos e cabelos escuros (estes geralmente lisos ou ondulados), pele morena. Loiras são bem raras, o que de forma alguma diminui a proporção de mulheres bonitas na população daqui, que é bastante agradável. Quando o jogo começou, logo convenceram a já cansada e sonolenta Gil (que anda sendo "sugada" pelo trabalho ultimamente) a jogar também, e pude acompanhar por algum tempo a clássica cena de dois times jogando, mas poucas pessoas se matando de correr atrás da bola, e outras apenas acompanhando o movimento e contando com o acaso, que é o que sempre se vê nesses jogos. Mesmo assim, houve vários lances engraçados, como chutes a gol onde a bola foi para fora, mas o tênis foi para dentro. Vale notar que os goleiros eram homens, por uma provável questão de cavalheirismo. Quando o jogo acabou, eu estava no meio de um gostoso e barato prato de espaguete, com molho de tomate, carne moída, milho e queijo ralado. Uma bela janta.
Acompanhei a Gil e uma amiga de bicicleta até a esquina da casa dela, e segui para casa. Lá chegando, conversamos um pouco, nós três, ao som de um DVD da cantora Dido, que extraía elogios do seu mais fervoroso fã mineiro (o Luciano, claro). Ao sentirmos uma tardia fominha, resolvi dar o golpe de misericórdia nos meus velhos companheiros gastronômicos de viagem: o já bastante desidratado queijo, enrolado em meia toalha de mesa de papel que peguei em Itariri-SP, dois amassados pães da espelunca em Taubaté-SP, e a copa e a goiabada, compradas junto com o queijo em Curitiba-PR. Usei cada um dos pães como se fossem uma fatia, cortei duas seções do queijo, espremi um grosso fio de goiabada, e mandei ver o sanduichão, regado a uma caramanhola inteira de Toddy feito com leite em pó. Para sobremesa, copa, da qual só foi possível extrair o miolo, pois a superfície externa estava esverdeada e coberta pela característica camada de provavelmente inofensivas bactérias. Felizmente, me livrei dos volumosos e pesados restos de comida, e de agora em diante não mais os comprarei, pois concluí que esse tipo de dieta é muito bom para dois ou três dias de desbravamento em lugares remotos, onde a fome é muita, a disponibilidade é pouca, e a necessidade planejamento dietético de longo prazo é mínima. Em outras palavras, ninguém agüenta comer aquela ração por muito tempo. Não muito tarde, fomos dormir, ao som de uma rádio que tocava (em volume baixo, fui lá baixar) os grandes sucessos do passado. Música de bom gosto, que embalou minha mente enquanto minha ressacada carcaça jazia imóvel sobre o colchão, descansando. Pena que, mal sabia eu, aquele sono me faria falta.

No dia seguinte, sexta-feira, não poderia ser diferente: tocaram as cornetas do quartel, e lá fomos nós comer comer, e em seguida pude variar um pouco minha rotina, fazendo exercícios para os braços ao ajudar a descarregar um reboque de toras de eucalipto e recarregá-lo com telhas de barro, dessas tipo calha que se usa para assar e cozinhar coisas. Até que não me saí mal, para um ciclista, mas suei como um jegue com o sol do azulado dia e vi que o calor não seria pouco. Fomos para a loja, eu e o Juninho de bicicleta, e desta vez eu estava devidamente fardado, pois havia combinado com o Sérgio de dar uma pedalada à tarde, até o alto do Morro Bonfim. Ajudei a abrir a loja como no dia anterior, e em seguida apareceu um guri lá, o Faber, todo equipadinho, perguntei ao Juninho sobre ele, e acabamos saindo para dar uma pedalada, indo até o topo do Morro do Bonfim, o ponto culminante da zona urbana de Itaúna (talvez do município todo), cuja subida é muito usada para treino. Lá fomos nós, e depois de uma rápida passagem pelo trecho urbano, pegamos uma subida daquelas que todo o ciclista, menos os doentes mentais (e há vários) odeiam: íngreme, com piso de cascalho sulcado por algumas significativas erosões, e curvas que sempre revelam mais subida. Assim fomos nós, ninguém querendo fazer feio para o outro, socando pedal lomba acima. Chegamos lá praticamente juntos, mas eu estava bastante cansado, definitivamente não nasci para acordar cedo, sem falar que o calor não era pouco, e a suadeira vertia de nossas carcaças. Lá de cima, avista-se a cidade inteira, que até não é tão pequena, não. Fiz algumas fotos, onde apareci pela primeira vez com a camisa que ganhei do Luciano, naquele mesmo dia, uma camiseta de ciclismo com a marca da loja (que depois descobri que todo mundo usa por aqui). Condição: vesti-la imediatamente e usá-la sempre (o que acabei descumprindo no domingo porque ela é bastante quente, apesar de secar inexplicavelmente rápido depois de lavada). De qualquer forma, é uma bela camiseta e guardarei e usarei com muito carinho durante e depois de minha volta para casa.



Depois de satisfazer o anseio contemplativo e deixar sair o ácido lático dos musclinhos, baixamos o banco e socamos a bota na descida. Após um trecho veloz e por vezes assustador no saibro (onde fiquei aliviado ao ver que meus pneus de uso misto se saíram bem), pegamos um trecho de single-track com muitos galhos no rosto e pedras no chão, onde fez falta uma suspensão, e onde a possibilidade de capotar existiu, mas foi controlada. Algo que deu uma boa adrenalina.
De volta à loja, nos despedimos, e fui para a oficina. Após uma frustrada tentativa de ajudar a raiar uma roda (acontece com os melhores pseudo-mecânicos), dei uma rápida passada na LAN, e depois, como combinado durante o futebol feminino, fui almoçar com a Elenice, que me levou à Casa Nobre, com buffet (ops, "self-service") bem caprichado, comi um pratão e depois peguei vários pedaços de laranja para comer e fazer as vezes de suco. Depois do almoço, uma passadinha na LAN (tão perto, tão barato, tão tentadora), e voltei para esperar o Sérgio, que havia combinado de passar lá para treinar.
A tarde passou mantendo um calor sufocante e céu limpo, com muito sol, de modo que imaginei que o atraso do Sérgio (chegou depois das quatro) fosse devido à preguiça e ao calor. Como a Gil disse que passaria na loja para dar um oi, combinamos de transferir o treino (uma nova subida ao Bonfim) para mais tarde, com o sol mais baixo, plano que obteve a adesão do Juninho. Ao ser fechada a loja, fomos à casa dele pegar o material ciclístico, e depois fomos ao morro. Mal sabia eu que aqueles dois doentes são viciadinhos que não conseguem andar a menos de trinta por hora, e todo o percurso entre a loja, a casa e o pé do morro foi feito com o pé no fundo, o que me deixou quase com a língua de fora. Percebi que a magia da ausência dos alforjes estava sob o efeito de alguma criptonita (sonolenta), ou então os dois (ambos com dezesseis anos) são uns demônios, pois mesmo na subida mais íngreme, eles se mandaram na frente. As sucessivas curvas me permitiam ainda ver os dois se afastando, afinal eu não podia fazer tão feio, mas cheguei entre um e dois minutos atrás. Depois de um tempo para descanso e contemplação rápida, fomos para a trilha DO OUTRO LADO do morro. Vi que eles abaixaram muito o banco, e senti que lá vinha bomba. De fato, o chão arenoso com aquela vegetação grossa e áspera do morro era cortado por uma trilha íngreme, em alguns trechos bastante erodida tanto diagonal quanto longitudinamente, com muitas valetas e pedras fixas e soltas, e muitos pontos onde optei por passar apoiando um dos pés no melhor estilo picapau cagão (gosto das minhas vértebras, ossos do carpo e cartilagens nasais nos lugares onde estão). O trecho não foi todo assim, e os guris falaram que a trilha estava destruída, mas mesmo assim praticamente me deixaram comendo poeira, é claro, e eu não imaginei outra coisa dadas as condições. Saímos do outro lado do morro, tomando uma estrada de paralelepípedo (chamado por aqui de calçamento), direto à prainha, onde o Juninho me recomendou um determinado restaurante, enquanto ele ia ver uma coisa em outro lugar. Não gostei do restaurante por não ter sucos naturais, e fui a uma sorveteria, onde atrás do balcão por sorte havia um enorme cartaz com a figura de uma suculenta, gelada e deliciosa tigelona de açaí. A escolha estava feita, pedi a tigela de 500ml com acompanhamento de rodelas de banana e granola. Fui logo encontrado pelo amigo da Gil, o aviador, que descobri também ser moticiclista, no momento em que ele estacionou sua nada discreta Kawazaki ZX10 bem na minha frente. O nome dele, que eu havia esquecido, aliás sobrenome, é Caneschi (lê-se Canesque). Ele também pediu um açaí, e logo os dois guris chegaram e sentaram-se à mesa, espantando-se com nossa voracidade e questionando nossa capacidade de devorar por inteiro toda aquela massa gelada. Não só devorei toda a massa gelada como ainda comi uma mini-pizza (não pedi outra porque achei meio cara pelo tamanho) e um pote plástico com umas seis bolas de sorvete e muita calda de morango. Depois dessa frugal ceia, eu e o Juninho tomamos o rumo de casa. Ficamos lá bastante tempo conversando, depois apareceu o pai dele, e perto da meia-noite ajeitei minhas coisas para dormir. Coloquei o colchão atrás do sofá, pois o Luciano foi assistir um pouco de televisão.
Acordei à uma da manhã, com o som da televisão, e o Luciano dormindo no sofá. Pé ante pé, fui até a TV e a desliguei. Em seguida, vi que ele acordou, e foi para seu quarto. Mesmo assim, o barulho pulsante do controlador da cerca elétrica, muito semelhante a uma torneira pingando, me fez preferir transferir minha portátil cama para um quarto dos fundos, onde finalmente peguei no sono.

No dia seguinte, sábado, estava marcado um passeio com a Gil, o Sérgio e o Marconi, um dos amigos que conheci na loja durante a semana. O horário marcado em frente à loja era 6h45min. Acordei podre, às 6h20min, com o Juninho me avisando que a Gil tinha ligado cancelando temporariamente o passeio devido à chuva. Estava me sentindo como se tivesse sido mastigado pela vaca e cuspido na ribanceira de um barranco, tanto que preferi ficar dormindo um pouco mais a tomar café. Ao ir para a loja, tomei um iogurte numa padaria. Naquela manhã, concluí que, infelizmente, os horários e a dedicação que a loja impõe ao Luciano impediam que ele pudesse me dar muita atenção, de modo que o melhor a fazer seria ir para um hotel, e mais tarde durante a manhã, a Gil e o Sérgio, que apareceram na loja, me acompanharam pela busca a um hotel. Felizmente, o Hotel Esplanada, não muito longe da loja, reunia bom preço e boas condições, o que me fez descartar um hotel mais caro e uma espelunca. Feita a escolha, seguimos pela cidade, subindo e descendo, cruzando pontes e linhas de trem (na cidade há um rio pequeno e uma ferrovia. O rio parece bem limpo, talvez pela chuvarada que tem caído por aqui há um tempo já, e a ferrovia tem bastante movimento de carga - o trem apita histericamente sempre que passa, e a locomotiva é precedida por um batedor de moto, que multa até ciclista que atravessar depois dele ter fechado a via, segundo o que me contaram. O trem anda muito devagar no trecho urbano, e há algumas estações desativadas na cidade, bem como uma praça com uma locomotiva antiga, perto até do hotel, situado a uma quadra dos trilhos) FECHA PARÊNTESE. O passeio foi rápido e não muito longo, pois não era apenas eu que me sentia moído, os outros dois estavam também podres de sono e com uma preguiça absurda. Voltamos à loja, onde a Gil posou de modelo - com um talento notável - para fotos do site da América Latina Biker's, obviamente fazendo poses sorridentes sobre uma bicicleta, devidamente fardada e encapacetada. Ao final da sessão de fotos (da qual fui informado que farei parte em breve, obviamente usando minha camiseta da loja, em um tom exclusivo de azul claro), fui convidado a ir à casa da Gilvana, visita que concentrou várias oportunidades de conhecer as características de Minas: a rua da casa dela é uma ladeira que dá vontade de chorar (a não ser os free-riders que gostam de pular os degraus das saídas de garagem, que são enormes e inúmeras rampas naturais, apesar da calçada estreita), e naturalmente tão pouco movimentada que cresce um capinzinho entre as pedras; a família dela, composta por pai, mãe, irmão, irmã, sobrinho, é obviamente harmoniosa e unida, e fui muito bem recebido por todos; o cardápio era feijão carioquinha, arroz branco, frango com quiabo e angu (que é a nossa polenta. Ela disse que polenta é quando se mistura carne. O que para ela é polenta para nós é polenta com carne. Ela desconhece polenta frita, que pra ela seria angu frito, e muito menos polenta frita com queijo ralado derretido em cima). Para acompanhar, suco de acerola, feito em casa com acerolas colhidas no quintal. Pedi para ver uma acerola, e descobri que é a mesma coisa que vi durante a manhã no passeio que fizemos, sobre uma calçada, caídas de uma enorme árvore que crescera sobre um muro, enormes, vermelhas, desleixadamente abandonadas ao esmagamento pelos pés do transeuntes, às dúzias. Quando estava indo almoçar, avisei que estava com uma fome animal, e imaginei que iria comer feito um porco, mas percebi que sorvete e açaí é uma coisa, e frango com quiabo, feijão e angu é outra, de modo que remei para terminar o modesto prato que servi. No suco sim, eu caprichei, tomando quase uma jarra. De sobremesa, rapadura de amendoim e canudinhos de festa recheados com doce de leite (produzido por uma cooperativa de Itaúna mesmo). Comentei que no sul se comia aquilo salgado, recheado com salada de maionese ou carne moída, e ela fez uma cara de desaprovação como seu eu tivesse dito que botava ketchup no Nescau. É, gente, viajar é tudo!
Como naquele dia o Luciano iria viajar com o Juninho para um sítio deles, logo após o fechamento da loja às duas da tarde, esperei uma rápida porém forte pancada de chuva passar para seguir meu rumo e pegar minhas coisas para ir para o hotel. O Juninho pe acompanhou de bici até em casa, andando devagar para não nos molharmos. Chegando lá, parafusei tudo de volta, prendi os alforjes, e segui pela avenida para o hotel, não sem antes agradecer a ele a ao pai dele pela solícita porém curta estadia. Ao pedalar pela avenida com todo o peso de volta, senti novamente a viciante sensação de estar em movimento, em migração, chegando a estranhar que a bolsa de guidão estava presa ao bagageiro ao invés de estar em seu característico lugar sob minha visão direta, encobrindo a vista do pneu dianteiro. Quero ver quanto tempo vou conseguir ficar sem isso quando voltar para casa...
Chegando ao hotel, entrei no quarto, um de fundos bem perto do banheiro coletivo (me sinto quase o dono exclusivo dele), com ventilador de teto, duas camas, TV e uma eficiente janela, o que é ótimo para secar roupas e tralhas molhadas. Depois do longo banho, fui a uma padaria lanchar e comprar coisas pra comer, e o resto da tarde fiquei na frente do MSN matando a saudade dos amigos. Mais tarde, fui ao Sandoval comer um PF, e vi que aquilo vira um ponto de encontro de gente estranha, à noite. Mesmo assim, notei já que por aqui é raro ver um ambiente barra-pesada, mesmo nos piores botecos. Voltei para o quarto, indo dormir às dez da noite, pois o sono atrasado tinha que ser posto em dia, já que no dia seguinte, às seis e meia, eu deveria estar no posto de gasolina para irmos pedalando por estradas de terra ao Morro do Elefante, no município vizinho de Mateus Leme, onde há trilhas. Havia uma animada reunião no terreno em frente à janela, mas mesmo assim, como disse, poucos sintomas de bagaceirada, e a ótima e provavelmente involuntária elegância de não estarem ouvindo música alta.

Hoje, domingo, é o dia que fiz a trilha, mas como tenho tanto a contar sobre isso, vou deixar para amanhã. Basta dizer, por ora, que foi animaaaal, com muita estrada de chão com subidas sádicas e descidas com várias oportunidades de se matar, panes e tombos, barro e barulho nas bikes (menos na minha, que estava com os paralamas), um visual de cima do morro que não pôde ser totalmente encoberto pela neblina, grossas e geladas pancadas de chuva, um almoço divino em um restaurante adequado, e uma volta "no laço" pelo asfalto. Um dia completo, enfim.

Galera, um grande abraço, e se tudo der certo, até amanhã!

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